terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Bota sentido às artes culinárias

Hoje em dia, aquele lugar muitas vezes desprezado, descuidado, conhecido como habitat natural das mulheres, ganhou um maior destaque e consideração na vida das pessoas. Falo, claro está, da cozinha. Uma pessoa moderna, desperta para os desafios que um fogão proporciona, gosta de fazer do cozinhar um ritual, tanto para proveito seu, como para proveito colectivo. Um acto social, portanto.

Da mera confecção para satisfazer uma necessidade fisiológica, a culinária afirma-se cada vez mais como uma forma de arte. Afinal de contas, há que esmerar no prato que levamos à mesa. O interesse em descobrir novos paladares, aprofundar os conhecimentos gastronómicos e o fugir das salsichas com arroz espevita aquele gourmet que há em nós. O Bota Sentido não poderia ficar indiferente a essa tendência e, à semelhança de blogs sobre este tema (como é o caso do rigoroso mas bem-disposto luisantonego), quis criar uma rubrica dedicada ao bem comer.

Inicialmente, pensamos em convidar António Cavaco para nos dar uns apontamentos de culinária. Todavia, para nos afastarmos da conotação negativa de excentricidade e arrogância que é dada a esta prática, fomos em busca de uma pessoa do povo e, por graça divina, encontramos a pessoa ideal, José Pires. Pedreiro de profissão, em Abril de 2004, por força da sua mulher ter fugido com o seu vizinho para o Canadá, viu-se obrigado a tomar conta das panelas e frigideiras lá de casa. Os primeiros meses foram difíceis, mas, conta ele, "aquilo que no princípio foi um tormento, foi-se tornando num prazer. Dantes, mal sabia o que era alho-francês, agora pego nele e faço uma vichyssoise de comer tudo e lamber a tigela".

Uma crónica a começar brevemente.


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