quarta-feira, 14 de outubro de 2009

"An offer you can't refuse"

Década de 40 do século passado. Numa América saída vitoriosa da guerra e em sucessivo desenvolvimento aparece uma novidade nos negócios clandestinos. A droga tornava-se cada vez mais a matéria-prima que gerava fortunas às famílias do crime. Don Corleone, conceituado chefe de uma família, tanto que o chamavam de Padrinho, nega uma proposta para entrar no negócio da droga e este passa para uma família rival, despoletando uma série de eventos que o enfraquecem, perdendo muito do seu domínio. 

O que isto tem a ver com Berta Cabral, perguntarão muitos de vós.  Aquela que foi tida como "figura do futuro", líder incontestada do PSD/Açores, no passado dia 11 de Outubro, ao sofrer uma derrota nas autárquicas, refugiou-se na sua casa, Ponta Delgada, e preferiu descolar-se do papel de líder de partido. Ao tê-lo feito, pôs em causa as altas expectativas que lhe eram dadas. Não obstante, Berta Cabral, enquanto presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada, desempenhou um trabalho notável, e, talvez por não se ter rodeado de bons consigliere, ao logo do tempo tem mudado de atitude, mais ao ataque.

Mesmo sem porem em causa a sua capacidade de liderança, vozes críticas dentro do seu partido começam a surgir, como que a marcar terreno. Duarte Freitas e Reis Leite fizeram-lo e Pedro Gomes diz hoje no Açoriano Oriental o que Berta devia ter dito no discurso de domingo. A fuga para a frente de Berta Cabral poderá de sido mais fácil para ela, no primeiro encontro que teve com a derrota, mas terá certamente de discernir melhor as suas opções, para não comprometer o seu futuro.

No outro lado das hostes, não obstante a vitória (em alguns casos surpreendente) socialista, alimenta-se uma nova candidatura de Carlos César às regionais de 2012. Numa altura em que se fala da coerência (falta dela) dos agentes políticos, a concretizar-se, César, que já  a tinha negado, dá um tiro no seu próprio pé e fere de igual modo a sua imagem. Não há sentido a lhe botar.

Voltando ao filme O Padrinho, é curioso observar que até um líder mafioso, como era Corleone, tinha a capacidade de reconhecer o que era ou não certo e ético, capacidade esta que ditou a sua desgraça.  Talvez seja por isso que na política se ponha de lado a ética. 


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